REINO LÍRICO

Eu não sei se caberia num livro... Tudo o que quero escrever ou dizer! O que aprendi, entendi ou possa esquecer! O que chorei, sofri e as emoções que vivo! E será que caberia num livro...?! Tudo isso que há nesse vasto mundo?! Do que encanta ao que dá medo profundo?! Do que já descartei ou ainda cultivo?! E qual título daria a tal livro?! Com tudo isso que não posso expressar... Nem escrever, dizer... só suspirar?! O que sinto guardado e não me livro! Por onde começaria esse livro?! Da margem da folha às trevas do abismo...?! Com um verbo ou o maior dos mandamentos?! E me sentir amado ao me ver lido! Toda a 'metafísica' da uva e Ivo! Quem não citei ou o que não quero saber! Do que posso ao que preciso escrever! Não deu no poema e nem dá num livro!

Não sei quem é Adriana, só a 'Didi'! Que usava aquele shortinho clochá 'Tomando limonada no sofá Quando ainda morava por aqui! Quem é 'Adriana' e o que fez com Didi...?! Daquelas lembranças já tão distantes... Do tempo em que ainda éramos infantes?! E quem é esse mulherão que taí?! Deusa nesse corpo, cadê a Didi?! Brincando de bola com as molecas...?! 'Barbie'... mas tão distante das bonecas! A tal Adriana é a mesma Didi! Que nessa linda mulher 'se formou'... Graças ao deus do tempo se lembrou De quando inda morava por aqui!

A lua resolveu se aproximar...! Ela sempre altiva, austera e faceira! Aproxima a face pra me 'enluar'! Jaci, Tote, São Jorge, 'Perigeu' Tantos nomes, faces, teses e crenças! Grande, imponente, nesse brilho teu! Se aproxima por ter algo a dizer... Apesar da bárbarie sob o sol! E diz que o choro cessa ao amanhecer! Ó lua rosa sobre a Terra azul...! Platinada feito o sorriso dela! Plana sobre o mar Atlântico Sul! De bardo enamorado e namorados! Com sua regência, peso e influência... Traz 'homens verdes', lobos e assombrados! Não teme o louco a vir, a apedrejar!  Cheia de brilho cá e lá no sertão! A lua resolveu se aproximar!

E contudo, se fecho os olhos, e mergulho Dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho, Rola a vida imortal e o eterno cataclismo Mundo Interior, Machado de Assis Bem-vindos ao meu mundo...  um mundo 'escrito' por mim! Minhas regras, minha página com histórias ou 'stories'! Um mundo que chamo de meu e venho compartilhar aqui! Governado pelo meu 'eu-lírico', o regime vigente é o 'dereísmo'  e a verve é quem o guia ou move! Um mundo interior, na 'cidadela do corpo', virtual e paralelo com estradas 'pavimentadas' com tijolos amarelos! 'Nova Agartha', de estâncias poéticas, com acrópoles ou palafitas no sopé de Hélicon , uma Terra do Nunca, do 'podia ser'  do 'já foi', do 'quem sabe' ou 'será'!  Mundo estranho ou parecendo estranho a esse, fantástico, cheio de ilusões, 'metafísica' e outras citações,  banhado por mares azuis de felicidad

Aceitas ser minha musa...?! Para me ajudar a escrever mais esse poema! 'Te escrever', desenhar, tentar mensurar, escandir, esculpir, explicar, definir! Para que esse simples poema também seja lindo, cheio de amor e fascinante tomando emprestado o seu esplendor! Minha musa inspiradora só por algumas horas... se tiver um tempinho, 'emprestada de um noivo ou marido',  só por esse poema e o tempo que levar a sua leitura?! Para protagonizar um soneto mais que perfeito e com um longo vestido  como 'pano de fundo', rotunda do nosso sarau! Minha musa, musa minha...'Terpsícore' rodopiante, de passo firme e elegante, uniformizada bacante, de Baco,  Balzac ou debutante a caminho 'do Carmela'! Ou nua, 'de Milo', 'pigmaleoa', felina, numa mistura de 'Cípria com Iemanjá'...  Para me ajudar a esquecer o quão pode ser feia essa realidade que tenho que encarar! Para me fazer lembrar de outros deuses ao olhar para o céu, de sereias num mar