'Sob um céu que se curva ao pasto molhado, lá estava Lili, Elisângela Aparecida,
a prima postiça de riso dourado, de estada incerta, viagem curtida'.
Cruzava a cidade do interior,
tão distante,por trilhos reativados de 'Ritiro'
ao chão,sonhando em pedras,
no leito errantedo Caminho da Pedra Preta, ilusão.
Com traços de gueixa e origem africana,
ela dançava entre barrancos ribeirinhos,
nas margens do rio amarelo insana,
num amor platônico de desalinhos.
Um dia, sob um arco-íris tristonho,
me vi no delírio de um pasto vazio.
Ali, num sonho, no tempo bisonho,
Lili surgiu, amor sem estio.
Microssaia blue jeans, mini jeans justa,
coxas à mostra, feitiço e furor.
E sem perceber, num descuido à custa,
a calcinha ao alcance, oferta do amor.
Mas eu, Rei de Sião, de alma selada,
seguia distante, na minha indiferença.
Entre garças em bando, na terra lavada,
fugindo ao seu trem doido de crença.
Na casa dos meus tios, ela rondava,
viola caipira tangia no fundo,
o rock rural na sala ecoava,
e em minha solidão eu me lia no mundo.
Xanadu ao avesso, paixão sem destino,
as antenas parabólicas calavam o céu.
Pedra Elefantina marcava o caminho,
um rastro de barro tabatinga ao léu.
E assim segui, por mais que chamasse,
o amor que em sonho ousou nos prender,
Lili, a ribeirinha, por fim embarcasse,
na recordação que se fez esquecer.
*Elisângela Silva ou 'Lili' é a musa do primeiro poema que levei para um computador.
*Colaboração de 'Compadre Gepeto'!
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