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ELISÂNGELA DE RITIRO('QUADRINHA MESORREGIONAL')

No caminho da pedra preta... Donde a brisa dum 'ri' faz curva, E boi e boiada passa em turma; Hen... Lili, saia curta e 'lambreta'! *Nota: 'Lambreta' é a forma como os naturais dessa região se referiam ao chinelo de dedo.

ZÉ CAMBITO & CATITA

No Rio de Janeiro morava a menina Celinha Catita, dengosa e ladina Mas no peito guardava, num sonho guardado O sertão que seu vô lhe tinha contado. De sangue potiguar, coração aventureiro Queria pisar no chão brasileiro Do Seridó quente, do sol abrasado Das noites de lua, do agreste encantado. Numa noite formosa, no céu um clarão Que igual só se via nos céus do sertão Celinha dormia, deitada em sua rede Quando ouviu um sussurro, sentiu um arrede. Na janela surgiu um vulto alongado De gibão em farrapo, chapéu bem virado Era um cangaceiro de olhar flamejante Mas seu corpo era feito de sombra e semblante. “Sou Zé Cambito, do tempo passado Vim lhe buscar pro agreste encantado Onde o mandacaru floresce ao luar E histórias dormem no vento a soprar.” Celinha, curiosa, sem medo, sem pena Vestiu seu uniforme de cangaceira pequena Uma saia evasê, short clochard arretado Chinelo customizado e olhar animado. Montou na garupa do corcel xilogravado Que relinchou forte, de luz enfeitado E num galope ...

ITAPERUNA, MEU CANTINHO

No alto tem um Cristo, óia, braço aberto pro sertão — abençoa o povo todo, das barrancas ao mundão. ☀️ Rio Muriaé serpenteia, feito um velho contador: leva história, leva infância, leva sonho e pescador. 🌊 Lá jogava meus hominho na poeira do terreirão, e a guerra de faz-de-conta vinha com o sol do sertão. 🪖 Rosquinha que a gente trazia num saquinho bem fechado — lembrancinha de Itaperuna, com gosto nunca 'alembrado'. 🛍️🧂 Lili me esperava rindo no pastinho sob o arco: tinha um boi que cuspia estrela e um céu pintado de charco. 🌈🐄 A folia vinha chegando, bandeirinha a tremular — e eu menino, feito santo, corria pra abençoar. ✨ Angu fumegava alto, na panela do meu tio: era almoço e era afeto sob o céu de céu anil. 🍲 Queria pegar o trem lá do Ritiro sumido, e com Lili no meu braço, ver o tempo reabrido. 🚂 O barro de tabatinga grudava nos pé no chão — era tinta da memória pintando meu coração. 🏺 Dara, loura da família, hoje dança e faz feitiço: de menina virou riso, de bone...

ZÉ CAMBITO & CATITA ENCONTRAM O FLAGELO DE CHÃO TRINCADO

1. A CHEGADA DOS ENCANTADOS Lá no rastro do sertão, Por vereda encantadeira, Veio Zé com sua Catita, Par de rima e de besteira, Montados num cavalo Feito em xilogravura inteira. Com a viola no gibão E pandeiro de luar, Trazem verso que levanta Até defunto do lugar. Mas chegando em Chão Trincado, Viram o povo a penar... 2. O QUADRO DA TRISTEZA Era terra ressequida, Com os ossos de animal, Casa de taipa caída, Coração em funeral. Nem fé tinha mais paradeiro, Nem reza fazia sinal. Os menino com as costela Aparecendo no couro, E o riso da meninada Sumido feito tesouro. Nem o tempo tinha tempo De chorar naquele estouro. 3. O ANÚNCIO DO REPENTE Zé Cambito se levanta, Com Catita do seu lado: — “Se o céu não se derrama, Pois que seja visitado!” E no raio do sol quente Vão pro alto alumiado. Subiram no tal cavalo, Que galopa entre os clarões, Passam nuvem, passam estrela, Vão rompendo os portões, Até bater na porteira Do céu e suas nações. 4. O ENCONTRO COM SÃO PEDRO São Pedro, com chave em mão...