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ÈSÙ

 
Laroiê!
Peço licença para falar 
sobre esse que é o mensageiro dos orixás!
Dono das encruzilhadas, esquinas, matas, trilhas e outros caminhos!
Que não é Deus, mas que à sua maneira se faz ‘onipresente’...!
Que não é o diabo, mas como tal também é irreverente!
Uma divindade do candomblé, entidade da umbanda, do ‘umbandomblé’,
‘De Kardec’ e da ‘discussão daqueles velhos amigos por causa de seu boné’!
Laroiê Exu, todo o seu povo e nação!
Com o seu ogó, ebó, Reino de Ketu e Oyó!
Um santo, quizumbeiro, quimbandeiro, falante, falangeiro,
Rei do parangolè e do borogodó!
Quem é Exu que tanto se fala, se teme, se chama, mas que se incorpora
E se manifesta com riso e alegria?!
É também um guia, o guardião, um conselheiro, o Compadre, o primeiro a receber as oferendas, dono da festa, tem seu quarto separado, usa uma capa, empunha um ‘garfo’...
Assim como Dionísio, também gosta duma bebida, como a que Jesus fez surgir em seu primeiro milagre, mas que para ele é marafo...!
É festeiro, mas ‘gosta de uma segunda-feira’!
Sagrado ou profano... certo ou errado, nem um nem outro, torna errado certo, 'vice em versa' e é a própria contradição!
É do ‘Umbral’, de ‘Aruanda’, do ‘Espaço sideral’, da rua, da ‘avenida’ e é todo o carnaval!
Veio da África numa ‘barca lunar’ também utilizada pelo panteão
De seus ‘patrícios egípcios’!
É o Orixá da Comunicação e logo da poesia, é a própria poesia com os seus orikis!
É como o Deus Apolo, mas para os gregos seria Hermes!
Tá num ‘despacho’ à beira da estrada ou na mata fechada(que ele abre),
é ‘as três letras do meio’ da palavra ‘sexual’... tá num lotação, num ‘encoxamento’
Quando este é consensual... tá no biquíni de uma praia também lotada, ‘no cós daquele mais íntimo de uma passante ‘descuidada’... os homens são de Marte, as mulheres de Vênus, e as 'saias de Exu'... que tá num longo vestido, numa saia godê, ‘na do prazer’, do parangolê... nas ‘saias ébrias’ e da verdade dos sufis, naquela saia bailarina que Helane usou pra nos dar aula e ‘dançar no bar The Mill’... no arquétipo das Donas Pombagiras...
‘É um ‘short-saia’ e aquela saia de linho que Adélia só para a minha imaginação ‘vestiu’!
Exu é um mistério, uma contradição, mas todos se chegam a ele quando têm algo a solucionar!
Senhor dos caminhos, ‘caminho do meio’, caminho apertado, porta estreita, porteira
E ‘portas da percepção’!
Jesus é o caminho e Èsù, uma 'encruza'! 
É o guardião que também sofreu na escravidão...
Mas reinventou o Brasil de ‘então’ ao se deitar com a inhá, com a Carlota, com a Joaquina, com a ‘Marieta’...
numa mestiçagem de seu rito que na ‘base do sincretismo’ qualquer crença aceita!
Saravá, mojubá, Legbá, pemba, padê e bará...!
É temperamental, negativo, positivo, positivo-negativo em ‘perfeita harmonia’, 
impulsivo, às vezes ‘vingativo’, mas está em evolução!
Está na alegria, na tristeza, num cemitério e na praia, vive tranquilamente
Numa travessa e cabana de barro!
Podendo transitar dos barracos dos morros aos prédios e beiradas do asfalto.
Seus filhos são de todas as classes e seus inimigos, intolerantes
e incultos!
Está nesse poema, num problema, numa rima e solução...
está no amor, na raiva, nos atos, consequências
e em tudo que faz ou possa fazer um cristão!
Senhor destas encruzilhadas e das espirituais ou 'espaciais'...
baixando em terreiros de samba, jongo, batuque, na ‘umbigada’, da ‘batida do jazz’ 
às ‘encruzilhadas do blues’, tem seus pontos cantados e riscados,
e esses adeptos que vão da Serrinha a Bahia, Haiti, passando pelo ‘Dixie’ 
e o Delta do Mississipi!
Exu está na vida, nas coisas mais simples e mais complicadas!
Em todas as gamas, ‘gametas’, rodas e esferas como o 'significado de seu nome'!
No ‘chuê’ dessas folhas às ‘rebinbocas’ e outras engrenagens da ‘roda da vida’!
Num bebê que irá se formar, na bunda da brasileira, africana 
Como a sua etimologia, entre os seios da americana, no longo blue jeans
de uma ‘varoa’ e no gozo de Onan e do egípcio Atum!
É o sim e o não, o ‘deixa para lá’, o tudo, o nada, a ‘esfera’ e seu significado!
É um falo ereto a desflorar e enrabar as convenções!
Um sábio ‘desbocado’, e uma criança para não conhecer nossa moral!
Vem dos Yorubás, Nagôs, Jeje, Ketu, Bantos, Zulus, de toda a África como todos nós...
de sete encruzilhadas e até do Japão!
Exu é esse poeta, suas musas e seus amores!
É um índio, um caboclo, um cigano, um malandro, um lavrador,
um lixeiro alegre e um médico!
Não o confundir com quiumba e com entidades negativas de outras tradições ou ‘males’ que existam em você mesmo!
Ele é talvez quem saiba o sentido da vida por tanto gargalhar ou talvez
nem se importe já que sabe desfazer e reatar!
É o sexo, a perversão, a concepção, o coito interrompido e o ‘bebê de proveta!
Dos deuses é o mais próximo dos homens!
É da esquerda da Lei, mas ‘sem perder a ternura’ e mesmo com sua irreverência 
também é chamado de ‘santo’!
Mas ele pode parecer-lhe um demônio se quiser já que não reconhece outra lei a não ser a ‘cármica’!
É a mais humana e brasileira das divindades africanas, carnavalesco como os esplendores,
o Estandarte, a ala e o tabuleiro das baianas...!
Um montinho de terra com aquela 'caceta rija' e fincada!
É o mensageiro dos Orixás, o senhor dos caminhos, das demandas e até um ‘trickster’...
mas o ‘inferno são os outros’!
O mais homem e viril dos santos!
Está num cabaré e muito preocupado com a missão que lhe foi confiada!
É parte de nosso folclore, mitologia, é nossos ancestrais, é o fogo, a guerra,
O vermelho, o preto, o branco da paz e o ‘cinza’ dessa realidade!
Aceita sacrifícios e quitutes, aceita vela e oração, e para ele vai esse poema
E o agradecimento pela inspiração!
Laroiê, Exu...!
E sarava, poesia!                                                          

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