Pensando bem, acho que sou poeta sim...!
Apesar de não fazer muitas rimas
De 'deslizar' na gramática e escapulir da métrica!
Sou poeta que escreve e recita seus sonhos,
Sendo aclamado pelas fadas e consagrado às gavetas!
Mas sou feliz...!
Sendo poeta porque acho que sou...!
Só um poeta consegue sentir a dor de amar e sorrir!
Só um poeta consegue sofrer e musicar a sua dor!
Só um poeta zomba da vida e vive a realidade que ele criou!
Se eu não for poeta então o que é isso que eu escrevo...?!
Como é que eu sei qual o ‘gosto da lua’, onde dá o arco-íris
E pude ver a cauda da sereia que emergia no fundo do mar?!
Sou poeta sim...pergunte a Adélia...
Que ainda guarda aqueles meus poemas em algum bolso
Daquela esvoaçante saia de linho que ela nunca vestiu,
Mas que tão bem lhe serviu!
Só mesmo um poeta para escrever sobre fadas, gnomos, amor,
A própria felicidade e ainda acreditar em tudo isso!
Eu havia dito que não era poeta em respeito aos poetas mortos
E consagrados, e que continuam vivos em suas obras,
E também por temer o mal dos séc'los que continua ser a paixão!
Mas sou poeta sim...!
Um poeta da 'metafísica das árvores', palmeiras e Sabiás,
Das saias de parangolé, de Logun Edé, do vestido amarelo
De sua linda mamãe Oxum, da sainha indiana que a professora esbarrou ni mim, da camisola
E 'sexo dos serafins', dos esplendores de carnaval, lantejoulas e outros balangandãs!
Que escreve sobre flores e espinhos, pólvora, sêmen, bunda e sobre Deus!
Que escreve e recita em tatibitates para que musas menores
Compreendam o meu amor!
Fingidor, masturbador, cultivador de flores em cabelos, criador de seus 'caracóis',
E também um tipo de traça que só devora vestidos e livros de poesia!
Assassino da gramática, um ladrão do tipo que rouba beijos, arranca suspiros,
aplausos e recebe críticas como qualquer malfeitor!
Um poeta que ama as normalistas, mas viola e estupra as 'normas'
Com suas lindas formas, só me preocupando com o conteúdo a ser folheado
E bolinado por quem quiser ler-me!
Pois é...sou poeta sim...!
Se disse que não, foi pela minha natureza fingida... sou poeta,
Mas nem por isso eu mudei de vida, a minha riqueza é a inspiração,
Os meus bens são minhas obras e estão em meus livros,
Em legados ou rascunhados num simples pedaço de papel de pão que achar!
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