Eu sou daquele tempo dos tênis kichute e das sainhas de tergal...!
Da merendeira à tira colo, da bicicleta monarêta,
dos 'cavalos de vassoura' e dos ‘chapéus de jornal’!
Sou de um tempo que não volta mais...!
Que passou, voou ou 'avoou' com uma pipa avoada
e como eu também voei sendo um super-homem
com uma 'capa de toalha'
Um tempo de criança.
Tempo de pipa, pião, bola de gude, pular e brincar o tempo todo!
De sonhar e ser feliz, desenhar o sol com um giz...!
Pintar o sete, o oito, os 80’s, ‘o mil novecentos e oitenta e nove' e os 90’s...
E não ver os anos e tanto tempo se passar!
Eu sou da geração que cantou músicas de roda
e 'tomou as ruas' brincando de pique ou de ‘polícia e ladrão’!
Fui um autêntico habitante de um ‘mundo de faz-de-conta’
Ex-sócio de um clube de amigos imaginários e bem mais bagunceiros que os reais,
um ex-caçador de fantasmas e outros seres e coisas que não existem no mundo adulto,
ex-namorado da Simonydo Balão Mágico, da Yellow Flash e ao mesmo tempo da androide Anri... e veterano de uma guerra intergaláctica que só aconteceu ¹'aqui'!
Sou da era de Halley, dos Menudos('fui um deles'),
do tempo do disco de vinil da turma do Balão que ganhei querendo o de um ex-beatle,
dos seriados japoneses ‘enlatados’ junto com seus robôs, micro-saias e bushidôs...!
De quando o uniforme escolar consistia naquela ‘febre do kichute’, do Nauru,
Das calças de tergal para os meninos e para as meninas, saias rodadinhas, do mesmo tecido, azul marinho com ‘pala alta’, ‘pregas fêmeas’ e que na oitava série, Paula ‘Ramos Lopes’ nunca usou, “mas que ainda a vejo maravilhosa com ela”, além das outras 'pseudo-normalistas' que brincavam de pular elástico pelo pátio!
Do tempo de outros tênis além do kichute(que nunca tive!), do comercial do Montreal, e dos bonecos articulados com os quais brincava no quintal!
Daquele mingau de fubá que até hoje tomo...!
Fui da turma da Dona Helane de vestidinho ‘babydoll’ ou sainha indiana,
Dos shorts clochard da Adriana e os de Zanza que vinham nas roupas herdadas
E que também só a imaginei usar!
Do tempo da brilhantina, do 'Descobrimento'(pelos livros) e das ‘repetências’ como tudo se repete agora ao me lembrar!
Onde só lembro de tudo dar certo mesmo que algumas coisas também dessem errado!
Sou desse mesmo tempo em que estou falando com você
E daquele tempo que era bom do ponto que gosto de lembrar,
e só não é melhor do que esse em que vivemos e do que aquele
com o seu melhor que está por vir!
De quando papai Noel ainda existia e coelhinho ‘botava ovo’!
Eu sou de um tempo que passou como o vento que Verônica Sabino cantou
Mas que não passou para a minha lembrança que o conserva açucarado,
'enlatado', encantado e ainda criança!
¹Um dos dedos indicadores é encostado na cabeça para demonstrar onde ocorrera o fato citado no verso.
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