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POEMA 3097

 

Desejo que rima com beijo,

Não rima com abraço,

Mas combina com laço,

Tem sua cama onde um casal se ama,

Se deita, se cai, arde e ‘se inflama’!

Desejo também rima com queijo

Que lembra faca que faz corte, ‘morte’,

Reparte o pão...

‘Metades’, caras-metades, maçãs

E sanduíches desses corpos nada inocentes

Em questão!

Desejo é só ‘desejo’...!

Um ‘momento’, pensamento, uma ideia, um objeto!

Um caso, o ‘acaso’, se confunde com ‘afeto’

E pode resultar num ‘feto’!

Desejo não é certo, não é ‘errado’, não é aconselhável,

Mas é inevitável!

É o que me faz querer, mas nem sempre ter!

É o que me faz gemer, mas nem sempre por ‘sofrer’!

São fantasias das mais ‘hediondas’ e anistiadas pela poesia

E pelos deuses do amor!

São cabelos e saias ao vento, aquele ‘porte físico’, massa muscular,

'Cinzenta', ‘Massa nenhuma’...

Certa fragrância e até aquele ‘fedor magnífico’!

Desejo...seja ou ‘se deseje o que for’!

Não tem hora, não tem idade, não tem jeito, não tem cara, não vê cara, 

não envolve coração e tem muita vaidade...!

Não tem pudor, tem sexo, não tem ‘nexo’, não tem quem o pare!

Tem borogodó e é o próprio, é qualquer ‘coisa’, é ‘só desejo’,

Mas pode ser tudo!

Tudo que move, ‘se move’, se quer, se pensa, se sonha, se tem,

Se toma, ‘sintoma’ e ‘estado avançado’ de paixão!

Porque ele é o desejo e o desejo sempre quer de qualquer jeito

E de qualquer jeito ele consegue, sempre ‘se arrebenta’, se arrepende,

Não se contenta e sempre quer mais e mais!

É um satanás que reina sobre um ‘inferno de amar’!

Mas é bom, é só desejo, não é amor, mas envolve sentimento, corpos

E almas gêmeas, ‘primas’ ou ‘meias-irmãs’!

Não tem jeito, mas ‘dá um jeito’ quando o que se deseja está em questão!

Desejo é tudo isso... quer você queira e não ‘se importando’ se ‘não’!

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