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O TREM DA MADRUGADA


Vem...!

Que o trem está esperando,

A saudade já vai ‘raiando’

E nossa noite quer desembarcar!

Siga à bordo desse ‘trem distante’

Que só passa nas madrugadas

Frias, solitárias e errantes...

Onde suas rodas me rasgam, te levam

E trazem em forma de pensamentos!

Não posso vê-lo, mas posso ouvi-lo

Como a sua voz ecoando em minha ilusão!

Me siga com o trem descarrilado

Nesses trilhos devaneios tortos e sem direção!

Ele vai levando levitas, sodomitas, puritanos

E balzaquianas...

E a paz pelo caminho lhe pedirá carona!

E já embarcam a professora Helane,

Sua saia indiana, Adélia sem nada sob os sete véus

E o afilhado de uma certa Solange com o shortinho amplo da irmã!

Nesse trem sigo no vagão da loucura,

Depois de passar pelo vagão da saudade

E ser expulso do vagão da esperança,

Mas sendo ainda o maquinista de mim!

Seu destino será o meu despertar

E aquele café quentinho me esperando!

E o seu destino é me amar sem fazer baldeação

Em sentimentos clandestinos!

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