Como eu viveria ou expressaria o meu amor?!
Como eu sentiria e o que significaria
O perfume de uma flor?!
Que graça teria eu acordar só com a certeza de mais um dia pela frente...?!
E do que eu iria despertar já que nem sonho eu teria?!
O nascer do sol seria 'só o brilho de um astro'...
O curso de um rio teria forma de serpente,
Seguiria pro mar e não para Oceano, deus da mitologia,
Um beijo seria só um beijo, um 'ósculo', e as outras tantas coisas da vida
Apenas isso tudo que já se sabe e não valendo a pena!
Eu não saberia romanizar, enfeitar, versar, conversar,
Cantar ou voar!
Não viveria o sonho, não morreria de amor...
Até fingiria ser feliz, mas não disfarçaria a minha dor!
Se eu não fosse poeta pediria a Deus para nascer de novo
E voltar como um peixinho dourado, uma leve borboleta
Ou uma também leve pluma que ao se soltar de um passarinho
Também seria livre conforme os versos e a criação de algum escritor!
Não me imagino ou vislumbro não sendo poeta!
Se eu não fosse poeta seria mais um realista ou fatalista
Para viver, cair na real e me esborrachar nessa dura realidade!
Se eu não fosse poeta existiria um deserto
Ao invés de um terreno tão fértil de imaginação...
Quem apreciaria e celebraria a 'natureza morta' na estampa desses vestidos,
Quem cuidaria do rancho das estrelas, da 'apicultura de borogodò',
Do viveiro dos anjos e mulheres alheias de camisola que saem no portão do paraíso...
E das ninfas e ninfetas bacantes, saltitantes, esvoaçantes e estudantes esperando um ônibus espacial!
Se eu não fosse um poeta de verdade, fingira ser e daria no mesmo!
Como viveria amores impossíveis, como viajaria através do tempo e espaço(sideral) entre as estrofes
E escreveria sem saber escrever?!
Uma rosa seria apenas uma flor, um vegetal, a lua, um satélite,
Uma paixão mal resolvida, um problema, e um sentimento reprimido
Jamais ganharia a sua liberdade!
Se eu não fosse poeta pediria para Deus me mandar para o inferno de Dante!
Se não sou poeta, não sei o que sou, eis a questão!
Mas se eu não fosse poeta não conseguiria amar ao ponto de escrever
Até para os que acham que não sou!
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