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O PRIMEIRO CÉU

Não me culpe, mas sim meus metacarpos, sua falange,

Essa caneta fraca de tinta e espírito

E que em letra corrida corre, escorre e 'decorre'

Em direção a algum mar, horizonte, Galileia, Meca...

Meridianos, Bagdás ou um pouco mais pra lá que eu possa to be ou estar!

Pra dar de encontro com alguma poesia e seu canto,

Restante em algum canto, estante, instante, gaveta, canto ou lado do cérebro...

Canto da folha, verso, prosa, do outra lado do mundo, vida, à margem, afastado,

No meio de tudo dentro de alguma gaveta com algumas meias perdidas!

Não me culpe... a culpa é dum cupido!

Esculpido, escarrado à imagem de um Eros, à margem do Primeiro Céu...

Com nossa carne, verbo, pecado e inferno de amar!

Seu nome de flor e espinho de ser desabrocha, debuta e se abre

Pra depois fenecer num lampejo de esquecer, no apagão do meu ser ou to be!

Era paixão daquelas de verão, sol, praia, carnaval, esplendor, onda,

Vai e vem e arrebentação!

Mas não foi em vão!

Foi assim bem assado, passado, presente e quiçá quem sabe o futuro Deus sabe...!

Assamos e grelhamos asinhas de querubim... mas não nos culpem...!

A culpa é do cupido flechando esse coração pra ser partido e também ir parar na grelha!

De paixão, suas brasas, centelhas e cinzas numa quarta-feira(ontem)!

Tentação, corrupção, arrebentação, mar, amar, amor, Mar Morto, mar que vira sertão!

Pobre cupido, sua falange, culpados por tudo isso...

Esculpido à imagem de deuses gregos nus e decepados, anjos de camisolinha, porém 'assexuados'!

Esculpidos e escarrados como fez um deus lá pelo panteão de um Antigo Egito(perto dos meridianos)!

Originando tudo isso pra se acabar num domingo, depois de depois de amanhã,

Anteontem de há alguns dias...

A culpa é minha, pronto!

A caneta é inocente(só foi usada), o cupido estúpido é valente, esse touro de ouro, um fraco

E hoje ainda é quinta, eu acho!

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