Pular para o conteúdo principal

POEMA AMARELO

Naquela rua tem um pé de Ipê amarelo...!

Disputando o espaço na calçada com carros e muros de outras cores,

indiferente aos tons dessa realidade e seus humores,

entre fios de cobre e beirando um asfalto negro!

Olhai aquele pé de Ipê amarelo...

Sob um céu cinzento, florido e próximo a caçamba de um lixo fedorento

rimando com belo, singelo entre uma selva de concreto e sem mudar o seu tom 

mesmo sendo 'regado' pelo xixi(também amarelo) de um cãozinho caramelo!

Eu aqui com os meus problemas e aquele pé de Ipê ali amarelo...

Ela nem aí pra mim e meus problemas e aquele pé de Ipê ali amarelo!

Amarelo da blusa e cabelos(tingidos) da Celinha!

Calças em blue jeans e amarela é a flor na lapela, no cabelo dela... as dos vestidos feitos no molde, 

imagem e 'elegância' de outras mulheres alheias,

num arco-íris que risca o céu azul e ao seu lado brilhando um sol(também amarelo!)

Um pé de Ipê naquela rua... quem diria?!

Todo florido e metido apesar das barbaridades e de outras árvores desmatadas por aí sem alguém para ouvir ou ver o tombo!

Ipê amarelo fazendo parte do 'verde'...

Amarelo com muito orgulho e com todo o respeito às outras cores... 

amarelo se torna a tendência, é a cor do mês, a pedida, a nova cor da esperança, da alegria... amarela também é a cor da paixão, 

e o tom da canção numa linda sinestesia!

O Ipê é amarelo berrante, vibrante, exuberante e em sua beleza natural tudo se transforma, reluz no amarelo-ouro que pisca entre o vermelho 

e o verde dum semáforo, flamula no meio da bandeira e prevalece no giro dum círculo cromático!

Bem faz o Ipê que é amarelo!

Chamativo ou despercebido na correria do dia-a-dia...

E assim se mantém no seu canto e 'canteiro' até ser percebido por quem consiga distinguir o tom da poesia mesmo nas coisas mais simples e pelo caminho!

Naquela rua tem um pé de Ipê amarelo do mar da Cochinchina, do rio Osun, da polpa da manga rosa e próximo a rua Laranjeiras do Sul!

E amarelo por lá ficou... se mantém na lembrança e se registra num poema escrito a caneta azul!

Escrito pela mão amarela que pôde plantá-lo, cultivá-lo ou também derrubá-lo!

Mas permanece lá aquele Ipê amarelo...!

Que avistei de passagem e de longe, e assim podendo ser de uma outra cor!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INVERNO DE '07'

E lá estava você... No lugarejo que então sempre esteve E até eu te perceber! - Poesia aos seus pés não se 'disteve'! Me movendo a escrever... O deslumbre que até hoje se manteve...! E insiste em me envolver! De 'mini' mesmo no inverno que teve! - 'Ave pernalta' tão linda de se vê! Meu amor não se conteve!

ZANZA & BELERO

Lá no sub-bairro entre viela e varal, onde o céu tem mais fio que firmamento, há uma moça que sobe num vendaval todo fim de tarde, sem um lamento — Zanza, a dona de casa que voa no tempo. Belero a espera no terraço, rilhando o casco alado no azulejo gasto. É branco, reluzente, de prumo brando — pégaso vindo, talvez, de algum pasto entre Helicon e os quintais do Encantado. As comadres param o mexido na panela: — Vixi, lá vai ela de novo na asa! — Não é aquela a mulher do Protético, a bela? — Ele deixa, mas disse: “Não passa de casa…” Só que Zanza some no céu feito brasa. Prometeu voar só até a padaria, mas deu voltas ao mundo num trote leve: salta arco-íris, faz curva em nuvem fria, grita “Arroboboi!” pra Oxumarê, tão breve, e volta só depois que o sol já se atreve. Apolo, dizem, mandou-lhe bilhetinho — Hélio piscou da carruagem flamejante. Ela voa entre astros com jeitinho de quem pendura roupa e, num instante, vira dríade em amoreira ofegante. Talhada a malhação, como Salmacis formosa...

'FLERTE ALGORÍTMICO'

Vi tua vida em janelas quadradas, algoritmo gentil me trouxe você — como quem assopra cartas embaralhadas e entrega o naipe que não se pode prever. Não te conhecia, mas clicava em tua alma. Teu riso num parque, teus pais no Natal, teu corpo em ginástica, teu dia banal... E eu ali, pixel a pixel, invisível e presente — como espírito da máquina, fantasma obediente. Puxava assunto, às vezes bobo, às vezes doce, querendo só ficar perto. Tive a ousadia de sugerir um post: "Você nesse vestidinho... tomando um milk shake — com um céu lilás por perto..." E tu sorriste, mulher de fibra e filtro, disseste "quem sabe", como quem dança no abismo. Me empolguei: e se um dia...? E se o algoritmo fosse cupido, e os dados virassem destino? Mas então... tua timeline silenciou. Não houve briga, nem adeus, só o sumiço — e aquele perfil estático como mausoléu. Fiquei olhando dias, como quem assiste ao fim de um seriado sem saber se era ficção ou realidade. Hoje, aprendi: que o feed é um...