Pular para o conteúdo principal

POEMA EM TERGAL 3(O UNIFORME DE GALA)


O bardo moderno já não é um escravo, mas bate cartão.

Não pode ver mais o crepúsculo com tanta facilidade, cercado de tantas construções.

Mas nesse vai e vem da correria moderna, nesta mesma hora do rush e 'tempo vago' entre tantas aflições, numa vitrine qualquer, algo lhe desperta a atenção e sua inspiração; um lindo uniforme colegial... daqueles tipo tradicional, completo e em sua essência jovial!

Salve salve com grande alegria!

Vibrava o seu poético ardor!

A saia azul combinando com os versos brancos ou 'soltos' que já lhe viam a mente... e até o céu que se mantinha azul e branco também resolvera combinar ou 'conspirar' para aquela ocasião!

Um samba-canção, rock, 'ronco de lambreta' ou um funk até o chão também davam o tom de sua poesia em mente! 

Suas possíveis donas deveriam estar saindo do colégio naquele momento... prazenteiras, alegres, satisfeitas... brotinhos em flor!

Ele também se lembra das do seu tempo, daquelas tardes... e se admira e espanta ao ver que elas ainda são as 'mesmas' enquanto ele tanto mudou!

E ali, diante daquela vitrine e uniforme completo e de gala, ele também se sentia uma criança, mas diante apenas do que seria a embalagem plissada dos 'docinhos' da festa!

Poderia servir na sua filha, vizinha, mulher ou menina qualquer nele imaginada fora do horário, da forma, 'de forma' ou da idade sendo nunca tarde para se aprender!

Aquela saia... parecendo ter vida própria seguindo com o vento...!

Ele queria ser o seu irmão a levando e protegendo até o ponto, a disputando com o papai zangado ou a esperando se formar, mas já exercendo fascinação na condição de 'professorinha' e em seu pendor por tão linda profissão!

Aquele uniforme completo e composto por um blusão, cinto, gravatinha, 'estrelinhas', sapatinho e até luvas!

E aquela saia... sob a qual ela usaria um shortdoll 'do namorado' ou 'marido'!

Se chamaria Sarah, Carmela, 'Heitor', 'Clodomiro'!

Mas se mantinha naquela vitrine estático, sem borogodó, parangolé, aquele xedô, perfume, 'tatibitates', trejeitos, gírias, risinhos, mas protegido das provas finais, chateação dos seus pais, da importunação do patriarcado, assobios, sinetas, punhetas, de sátiros, 'sarros', ogros, 'embriões', impurezas, poluição, incertezas, se mantendo 'virgem' e livre de más influências, companhias ou de munchkins com sua preferência por aquele azul e branco numa estrada de amarelos tijolos, e menos daquele bardo com sua poesia desenfreada!

Até que uma daquelas 'colegiais' atendente daquela loja, o aborda perguntando o que ele desejava.

Ele pensa em responder, mas resolve dizer 'nada', já satisfeito com os momentos de sonho, e sai dali retomando a vida após aquele 'recreio poético'.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INVERNO DE '07'

E lá estava você... No lugarejo que então sempre esteve E até eu te perceber! - Poesia aos seus pés não se 'disteve'! Me movendo a escrever... O deslumbre que até hoje se manteve...! E insiste em me envolver! De 'mini' mesmo no inverno que teve! - 'Ave pernalta' tão linda de se vê! Meu amor não se conteve!

ZANZA & BELERO

Lá no sub-bairro entre viela e varal, onde o céu tem mais fio que firmamento, há uma moça que sobe num vendaval todo fim de tarde, sem um lamento — Zanza, a dona de casa que voa no tempo. Belero a espera no terraço, rilhando o casco alado no azulejo gasto. É branco, reluzente, de prumo brando — pégaso vindo, talvez, de algum pasto entre Helicon e os quintais do Encantado. As comadres param o mexido na panela: — Vixi, lá vai ela de novo na asa! — Não é aquela a mulher do Protético, a bela? — Ele deixa, mas disse: “Não passa de casa…” Só que Zanza some no céu feito brasa. Prometeu voar só até a padaria, mas deu voltas ao mundo num trote leve: salta arco-íris, faz curva em nuvem fria, grita “Arroboboi!” pra Oxumarê, tão breve, e volta só depois que o sol já se atreve. Apolo, dizem, mandou-lhe bilhetinho — Hélio piscou da carruagem flamejante. Ela voa entre astros com jeitinho de quem pendura roupa e, num instante, vira dríade em amoreira ofegante. Talhada a malhação, como Salmacis formosa...

'FLERTE ALGORÍTMICO'

Vi tua vida em janelas quadradas, algoritmo gentil me trouxe você — como quem assopra cartas embaralhadas e entrega o naipe que não se pode prever. Não te conhecia, mas clicava em tua alma. Teu riso num parque, teus pais no Natal, teu corpo em ginástica, teu dia banal... E eu ali, pixel a pixel, invisível e presente — como espírito da máquina, fantasma obediente. Puxava assunto, às vezes bobo, às vezes doce, querendo só ficar perto. Tive a ousadia de sugerir um post: "Você nesse vestidinho... tomando um milk shake — com um céu lilás por perto..." E tu sorriste, mulher de fibra e filtro, disseste "quem sabe", como quem dança no abismo. Me empolguei: e se um dia...? E se o algoritmo fosse cupido, e os dados virassem destino? Mas então... tua timeline silenciou. Não houve briga, nem adeus, só o sumiço — e aquele perfil estático como mausoléu. Fiquei olhando dias, como quem assiste ao fim de um seriado sem saber se era ficção ou realidade. Hoje, aprendi: que o feed é um...