Foi no tempo do Riso júnior,
rei de chifre miúdo e gargalhada imensa,
que o Reino da Tangerina
cresceu como infância em férias —
sem mapa, sem fronteira,
com cavalinhos de pau e decretos em giz de cera.
Só restava um pedaço de chão sonhado,
curvo como meia-lua de fruta madura:
o Ducado da Bananeira Torta,
onde reinava Banana Warhol,
fruta-pintor, pop-rebelde, casca de vanguarda,
que dizia: “Aqui, não! Aqui é arte e casca e resistência!”
Mas Riso Jr., de olho no terreno pros Eloi brincarem,
mandou guardas do baralho com espadas de papel alumínio,
e uma tropa de soldados quebra-nozes
montados em cavalos de pau com selas de goiabada.
Warhol respondeu com sua coalizão tutti-fruti:
bananas naturistas, que se despiram heroicamente
e lançaram suas cascas no chão como armadilhas—
guerrilha do escorregão.
Tomate enfim se assumiu fruta
e, ao lado do caqui, entrou na luta,
mesmo sob ameaça do Ganesha Verde da Cica,
que prometeu: “Amasso todos!”
As cigarras se uniram às formigas (milagre!)
pra cantar e cavar trincheiras.
As frutas zumbis saíram do quadro de natureza morta,
caminhando com bolores e nostalgia.
O Dragão da Sabedoria, fiel à Tangerina,
assava bananas em labaredas zen.
Enquanto isso, Strawberry Fields acendia luzes vermelhas:
estado de alerta em todas as pétalas.
A guerra alastrou-se:
aranhas armadeiras psicodélicas,
rosas mudas que choraram Cartola,
frutas do turbante de Carmem Miranda,
todas convocadas!
E o fruto proibido — por ser proibido —
ficou de fora, observando do limbo.
Até que o Mestre dos Sonhos, cansado,
decretou o fim da batalha:
“Chamem Gisele!” —
e lá veio ela, numa roda sufi de playground,
girando como quem desamarra o mundo.
Gi dançou no centro da carnificina imaginária,
com seu vestido de vento e seu xedô encantado,
e todas as lanças viraram flores,
todas as espadas, instrumentos de sopro.
Mago Limão, Rasputin de Banana Warhol,
foi espremido em limonada mística,
e as bananas kamikazes…
viraram bananadas
e vitaminas pro recreio das crianças Eloi.
E a paz voltou, em tom de pastel e suco gelado,
com dindas floridas, dríades exaustas,
e o unicórnio lilás de Elisângela
colhendo sol como quem colhe esperança.
Ninguém lembra ao acordar.
Mas todos, no fundo,
sentem o gosto doce e ácido
dessa guerra invisível
onde venceu, mais uma vez,
a dança de Gisele.
*Das 'visões em parceria' com 'Baba Gepeto'!
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