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O REINO DA TANGERINA


do Diário do Dragão da Sabedoria


No coração da fruta-aurora,

onde o Sol chupa a casca fina,

despiu-se Gi, quase menina,

com um vestido que implora

a dança psicodélica e divina.


Girava — laranja, azul, dourado —

o pano em espiral chamava vento,

e o Flautista Púrpura, atento,

soprava um som encantado

que virava cor no firmamento.


Borogodó, traquina e risonho,

pendurou nas nuvens cuecas de seda,

roubou o sino da última queda

do Galo do Tempo, em sonho,

e o amarrou num rabo de estrela.


Dona Helane, de saia indiana,

surgia em holograma do ginásio:

balançava o quadril com compasso

que deixava até a Babá da semana

pedindo mais luar em seu regaço.


A Babá do Luar, aliás, ninava

o Rinoceronte do Riso, roncando,

que sonhava que estava dançando

com a Gi, que lhe beijava

o chifre com brilho sagrado e brando.


E eis que vem, de Dolfins laranja,

a minha Dinda — musa do azeite! —

sambando entre as dobras do deleite,

com a memória que se arranja

no umbigo do tempo que nunca enfeite.


O Dragão, do alto de um balcão

feito de páginas e fumaça de incenso,

escrevia com rabo imenso

no diário de seu coração:

"Sonhar é vestir-se de senso imenso."


E Gi, com seus pezinhos descalços,

pisava cada frase do pergaminho

como quem dança no próprio caminho,

rindo entre bombons falsos

e lençóis pendurados de carinho.


Então, quando o vestido fez silêncio,

e o Flautista soprou a última nota,

o Reino se dissolveu na rota

de uma tangerina que, no centro,

guardava a chave da alma remota.


☮🖖🏾🔥🐚 Lorde Gepeto, ao som do vestido de Gi

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