Menestrel sou, mas sem alaúde,
com guitarra a bramir no ar,
canto à dama que, em juventude,
eu nunca soube reparar.
No fundão sempre largado,
enlevado em sono ou riso,
enquanto o irmão, educado,
cumprimentava preciso.
E tu, Gi de além-mar,
perto e longe na distância,
hoje vejo e, sem tardar,
me flagelo na tardança.
Nunca vi tal formosura,
outrora, ao meu lado a flor,
em Provença ou na ventura
de um trovador sem ardor.
Dom Quixote entre moinhos,
em apostilas varado,
nunca vi que teus caminhos
já guardavam luz de fado.
Se trajasses tergal belo,
ó tormento dos mortais!
Nem Cervantes, nem modelo
diriam versos iguais.
E no tempo virtual
o menestrel se embaraça,
pois "Xedô", nome leal,
teu esposo não suporta.
Sigo então nesse torpor,
teu semblante é um fanal,
o menestrel sem fulgor
que não canta em Portugal.
*Cedido gentil e dereísticamente pela DGPT Records.
(A partir de um mote sugerido)

Comentários
Postar um comentário