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POESIA DE ESTRADA

 


A bordo dessa carruagem de metal

Sobre esse chão um dia batido

E pisado por cavalos e bestas-feras,

Além de um homem que 'inventou o mundo'

Numa forma circular, porém sem receber

Qualquer mérito por sua 'patente'!

Nessa estrada tudo é 'passagem'...!

Tudo é uma parada e caminho

Para as 'Romas' que surgirem pela frente!

Tudo pede carona, tudo pede essa mesma passagem...

E quando está deserta 'tudo é uma miragem'!

Postos de gasolina, pontos de prostituição,

Andarilhos que se perdem no infinito...

E rostos que embarcam num retrovisor!

Estrada afora de Chapeuzinhos e lobos 

Disfarçados de atalhos!

Estradas para lugar nenhum onde se encontram

Alguns pensamentos à sua beira!

Estrada para Itaperuna ou dos trilhos e rumos

Do trem da vida e do minério...

Estrada onde a saudade pede carona 

E a tristeza é clandestina num banco ao lado do amor!

Minha vida também passa diante de meus olhos 

Pela janela desse carro...!

Meu dia acaba nesse horizonte que também surge na pista!

Estradas de motoristas concentrados, estressados, embriagados...

Estrada de Maria Mulambo, de tantas encruzilhadas

Em meu caminho e onde em seu final encontro um objetivo

E a vida com o seu 'sentido' vindo na contra-mão!


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