Lá no sub-bairro entre viela e varal, onde o céu tem mais fio que firmamento, há uma moça que sobe num vendaval todo fim de tarde, sem um lamento — Zanza, a dona de casa que voa no tempo. Belero a espera no terraço, rilhando o casco alado no azulejo gasto. É branco, reluzente, de prumo brando — pégaso vindo, talvez, de algum pasto entre Helicon e os quintais do Encantado. As comadres param o mexido na panela: — Vixi, lá vai ela de novo na asa! — Não é aquela a mulher do Protético, a bela? — Ele deixa, mas disse: “Não passa de casa…” Só que Zanza some no céu feito brasa. Prometeu voar só até a padaria, mas deu voltas ao mundo num trote leve: salta arco-íris, faz curva em nuvem fria, grita “Arroboboi!” pra Oxumarê, tão breve, e volta só depois que o sol já se atreve. Apolo, dizem, mandou-lhe bilhetinho — Hélio piscou da carruagem flamejante. Ela voa entre astros com jeitinho de quem pendura roupa e, num instante, vira dríade em amoreira ofegante. Talhada a malhação, como Salmacis formosa...
Dan!! Que delícia de poema!!
ResponderExcluirMe diverti muito!!Poeta é mesmo espetacular! Olha só o que vc já fez com um pedacinho de pano!
Adoro essa sua imaginação fértil!
Muito fértil mesmo! Falo porque conheci alguns dos seus trabalhos e suspirei surprêsa com tanto conteúdo ! Quantas ideias!Que cabeça abençoada!!
Que dom maravilhoso!Você veio para nos alegrar com tanta beleza!!Mais uma vez quero te agradecer por êsse encanto de poema! Muito alegre e lindo!!
Muito obrigada Dan!
Que DEUS continue te dando essa inspiração e te protegendo
sempre!!Muito obrigada!!
Um beijooooo 😘
Muito obrigado, Mi...! Muito gratificante ler seus comentários...! Isso só me inspira mais e mais, assim mesmo como esse pedacinho de pano foi capaz de fazer...!rs Um bom feriadão, tudo de bom e volte sempre, minha amiga!
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