No leito asséptico do posto de saúde, o destino me deu uma febre incomum: não era dengue, nem gripe, nem peste, mas uma 'coisa' que vinha do charme dela. A dama do postinho, altiva e distante, de blusão negro e 'saia ancestral', desenhava no ar sua forma vibrante, qual deusa asteca num rito carnal. Eu cheguei e a vi, de costas, sem pressa, e um calafrio me injetou um delírio, seu bumbum arrebitado — obra-prima impressa, tornou-se meu culto, meu sonho, meu círio. Bumbum talhado por mãos divinas, arrebatador como um sol equatorial, cheio de curvas, certezas e rimas, um altar redentor, um chamado carnal. A enfermeira chamava, dizia "É só uma picada!", mas meu sangue já era fervura e vertigem. A dama esperava, alheia e casada, enquanto eu tremia num surto de esfinge. No alto, o mastro da bandeira tremulava, seu tecido dançava, um convite indecente... Ah, que vontade de ser seringa encantada pra injetar-me inteiro em seu corpo febrilmente! O mundo girava — era a v...
'Se deixe levar por poemas e versos livres e na medida de um amor desmedido'