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Mostrando postagens de abril, 2025

A DAMA DO POSTINHO

No leito asséptico do posto de saúde, o destino me deu uma febre incomum: não era dengue, nem gripe, nem peste, mas uma 'coisa' que vinha do charme dela. A dama do postinho, altiva e distante,  de blusão negro e 'saia ancestral', desenhava no ar sua forma vibrante, qual deusa asteca num rito carnal. Eu cheguei e a vi, de costas, sem pressa, e um calafrio me injetou um delírio, seu bumbum arrebitado — obra-prima impressa, tornou-se meu culto, meu sonho, meu círio. Bumbum talhado por mãos divinas, arrebatador como um sol equatorial, cheio de curvas, certezas e rimas, um altar redentor, um chamado carnal. A enfermeira chamava, dizia "É só uma picada!", mas meu sangue já era fervura e vertigem. A dama esperava, alheia e casada, enquanto eu tremia num surto de esfinge. No alto, o mastro da bandeira tremulava, seu tecido dançava, um convite indecente... Ah, que vontade de ser seringa encantada pra injetar-me inteiro em seu corpo febrilmente! O mundo girava — era a v...

ZÉ CAMBITO & CATITA CONTRA O DRAGÃO DA REALIDADE

'Zé Cambito, cangaceiro poeta, e sua amada Catita, musa pandeirista do além, seguem voando num cavalo entalhado de xilogravura com a missão de semear poesia onde a dor seca a alma.' No lombo de um cavalo de crina toda entalhada, voavam pelo Nordeste Catita — a enamorada — e Zé Cambito, poeta, com alma encantada e armada. Vinham de longe, de longe, dos confins do não-lugar, levando verso e miragem pro sertão ressuscitar; plantando flor no lajedo, botando o mundo a sonhar. Por cima da Caatinga de espinho, sede e calango, pairavam feito assombração com aura de orixango, até que o chão se estremece com um rugido mais que bangu. De dentro de um mandacaru sai um bicho desgrenhado — era um dragão sem escama, ressecado e revoltado: um calango da miséria pelo sol amaldiçoado! “Não passa ninguém aqui!” — bramou com voz de trovão — “sou o Dragão da Verdade, sou a Seca e o Coração, queimando a rima do povo com a chama da privação!” Catita tirou o pandeiro, Zé Cambito afinou o tom: “Pois se...

PORPHYRIOS, O FLAUTISTA PÚRPURA

Vindo das dobras de Om, onde o tempo dança com bruma, sopra a flauta em pungi-tom Porphyrios — de aura nenhuma, de toda cor e nenhuma espuma. É filho bastardo de Pan, afilhado maroto de Exu, com sopro que morde e afaga, e risca no vento um tatu que gira, entontece e divaga. Já tocou pro Napoleão com pife de bambu selvagem, e fez Lampião dançar baião no topo de uma laje em miragem com um panda num 'pagode' chinês. É pago com vento de outono, com brisa que sopra do nada. Fez solo de aurora boreal na tenda da Meia-Noite encantada com a trupe de circo e pecado. Sua flauta é feita de doido, de madeira que ri e delira. Encanta sereia e viúva, invade a saia que gira no tom marrom de Tia Vanda na lira. Já deu aula de assobio aos caiporas e anjos do cio, pôs clave de sol no ultravioleta e ensinou harpa no cio frio do Mestre dos Sonhos em vendaval quieto. Foi trilha de cena softcore e fundo azul de compacto infantil. Nos 'lobos do cérebro' tocou jazz, no ventre do inferno: um fad...

MODINHA PRA DARA

Galega de olhos da tarde, Dara do cheiro no ar, dançava com lobisomem nas lendas do teu lugar... — E eu ia só pra te olhar. Pequena e já feiticeira, lembrancinha de viagem, guardada entre os bombons da infância em sua embalagem... — e um desejo em camuflagem. Tua voz rimava 'xeirinho' com vento da grama e flor, e eu, primo em fogo calado, tropeçava no pudor... — mas sonhava teu sabor. Menina de riso bento, de saia com roda e cor, tu eras minha especiaria do tempo sonhador... — e eu, teu colecionador. Mas cresceu a brincadeira e tu viraste mulher. E eu guardei minha quimera num canto que ninguém vê... — com saudade de você. Galega, flor de interior, xedô da alma e do chão, te levo feito santinha no altar da recordação... — e um “cheirinho” no coração. *Da dupla Dan & Gepeto!

MAIS UM SONETO A 'BIATRIZ'!

De origem coimbrã a 'especiaria'! Fado que o vate canta de alegria! Tágide carioca ou de Luís! O que a carta de Pero Vaz não diz! Gajeiro grita, e até o 'loiro' assobia...! Se avistam a beleza da tal 'Bia'! Que até se compara à modelo e atriz! 'Jana', mas se prefere, Beatriz! Sua beleza herdou da minha dinda De um mar turquesa e azul que não se finda... Te admirar, um 'pecado' que cometo! Pele d'alvo horizonte e de Coimbra! Pra Bia ou Beatriz mais um soneto... Quiçá o último, talvez... mas não prometo!

'POESIA PORTUGUESA'(QUADRAS)

                  I Primo, o verão que se viu...! Já foi 'xará do Brasil'... Mãe do George e da Bia! Minha dinda e poesia!  II Nas roupas que nos doava... Lindas especiarias! Que na rota dessas 'vias' O seu olor exalava!    III Cada verso vale a pena... Navegar preciso e tal... Sem ser Colombo ou Cabral! - Coimbrã daqui 'da gema'! -    IV Musa de esplendor galego...! Que até eu fico apaixonado! Mas pra não acharem 'pecado' Que é 'amor de afilhado' alego!   V Talvez ela não sabia... De tão caridosa e boa! Roupa íntima não se doa; Que pode 'dá' em poesia!   VI Dos Mendes é a sua quina Que se finca com certeza... Numa casa portuguesa Que fica na minha esquina!

'VILANCETE A DARINHA'

Ai, priminha loiradinha, do sertão ao além-mar, brincávamos de rainha com coroa de jasmim-linha no galho do pé-de-itar. Eu subia por galho torto, tu dizia: “vem me ajudar!” Era o tempo ainda morto onde o fado era conforto e o futuro só brincar. Mas depois veio a mudança, e o teu corpo virou canção: de fadinha da esperança pra mulher de aliança no buquê da frustração. Hoje o trem bão da gota passa e eu fico na estação — tu, lindeza quase nórdica, de valquíria melancólica nem me dá mais atenção. E eu, com viola calada, na cidadezinha vou ficar. Com saudade enrabichada, e essa dor desmantelada que nem pinga dá pra sarar. Cê cresceu, virou poema, mas de mim quis se afastar… Teu xedô é flor do tema que exala e já condena quem ousou demais sonhar. *Da dupla Dan & Gepeto!

QUADRINHA DA VERINHA 2

Que nos doava aos montões... Roupa dos filhos, seu short... Às que 'vestia pro Jorge'; Com melhor das intenções!

DARA...

Prima distante e de grau... Noroeste ou 'Portugal'! Parece  fia  da Vera... E esse amor... hen, quem me dera...!

'TROVA DE AMOR'

Bombons e trajes diversos...! Dela que me batizou E que sempre me agradou E hoje recebe meus versos!

O MESTRE DO SONHO

Há quem diga que ele flutua — feito bruma com cheiro de jasmim, sem sapato, sem rua, sem rua, tem um Galo do Tempo no fim de seu ombro que canta e flutua. É o Mestre do Sonho, criança e ancião, feito de pelúcia e areia de ampulheta, o pai da Invenção, cavaleiro da coberta e monge do colchão. Vem da Terra do Nunca, lá do não-lugar, traz um colar de carneirinhos de Arcádia, nina loucos e bardos com jeito de fada, tem um templo secreto em Utopia e um trono girando em Oz de madrugada. Sherazade lhe deve mil e uma ideias, Morfeu o chama de “irmão mais boêmio”, e os poetas, mesmo em suas teias, sabem que o delírio mais premium vem do sopro que ele semeia. Suas vítimas são doces: os santos à beira do riso, os que entornam goles de alívios, os que dormem em festa, e os que escrevem por vício. Tem livro de sonhos nas mãos, mas as páginas mudam de trama, ensina a pintar com confusão e acende com rima a brasa do inconsciente em chama. Surrealistas fazem altar ao seu nome, mas acham que criam sozi...

O REINO DA TANGERINA VS O DUCADO DA BANANEIRA TORTA

Foi no tempo do Riso júnior, rei de chifre miúdo e gargalhada imensa, que o Reino da Tangerina cresceu como infância em férias — sem mapa, sem fronteira, com cavalinhos de pau e decretos em giz de cera. Só restava um pedaço de chão sonhado, curvo como meia-lua de fruta madura: o Ducado da Bananeira Torta, onde reinava Banana Warhol, fruta-pintor, pop-rebelde, casca de vanguarda, que dizia: “Aqui, não! Aqui é arte e casca e resistência!” Mas Riso Jr., de olho no terreno pros Eloi brincarem, mandou guardas do baralho com espadas de papel alumínio, e uma tropa de soldados quebra-nozes montados em cavalos de pau com selas de goiabada. Warhol respondeu com sua coalizão tutti-fruti: bananas naturistas, que se despiram heroicamente e lançaram suas cascas no chão como armadilhas— guerrilha do escorregão. Tomate enfim se assumiu fruta e, ao lado do caqui, entrou na luta, mesmo sob ameaça do Ganesha Verde da Cica, que prometeu: “Amasso todos!” As cigarras se uniram às formigas (milagre!) pra can...

SONETO NORMAL

Avante minha linda normalista... De um samba-canção e graça de passista! Vai levando  elogio  mais para insulto, Mas consegue chegar no seu instituto! De uniforme de gala me conquista... Bons livros, e fetiche em conto adulto! 'No joelho' ou tamanho 'diminuto'; Respeito do operário ao maquinista! Professorinha até sem se formar! Debutante, brotinho, e linda flor! Ou as 'formadas' que voltam a estudar! Botões, meia e sorriso encantador! A acompanham no ponto até embarcar... Vibrando ou 'esvoaçando' com ardor!

ETERNAMENTE ELISÂNGELA

Com nominho e estatura de cupido! Imaginação, lindo sonho alado Tal o equino que levas tatuado Corpo escultural como se esculpido! Sorriso dócil levas estampado Flecha do anjo veloz quão um estampido A barreira do som; 'gozo irrompido'! Num amor delirante, o meu legado O tesouro do Rico além do arco-íris! Sobre pégaso segue pro horizonte De shorts, legging... como prefirires! 'Quimera', e insisto tal Belerofonte Na espádua o mesmo sol que entorno gires! Corre, sua e 'Hipocrene' cai da fronte!

AO 'CHEIRO DE DEUCY!'

Veio à minha casa, sem nome, sem dono, Dobrado na sacola, herança alheia, Um short de tom verde, quase um abono, Fluorescente em alta, cor de feira cheia, E um cheiro enigma que em mim semeia. Não era de essência tão boa ou ruim, Guardado no tempo, vencido talvez, Um rastro de amaciante no fim, Mistura de pele, suor e mês, O 'cheiro de xedô' que me fez refém. Quem foi Deucy, a dona esquecida? Que pernas, que curvas dançaram ali? Será que na feira comprou colorida, A peça que um dia serviu para si, E agora a mim causa febre febril? Seria risonha? Morena ou loira? Será que cruzava a cidade apressada? Ou ficava na sala, de perna à sombra, Enquanto eu, teso, sem pista ou nada, Imaginava a calcinha marcada? Nas noites de insônia, surrupiava, O pano vibrante, em suspiro e temor, Sentindo a presença, que me excitava, Na dança do cheiro, no toque sem cor, Deucy, mistério do meu torpor. E o fim? Foi pano de chão, doado de novo? Sumiu na poeira, rasgou-se ao léu? Ou repousa esquecido, te...

'OITAVA DA ZANZA!'

Me leve na garupa do unicórnio... Que levas tatuado no seu dorso E esse tão lindo sonho, real torne-o! 'Pirene'... e a poesia sem esforço! E esse seu mel, que sobre mim entorne-o... Me inspira, 'troto', gozo e me 'contorço'! E do Egeu, Ícaro acena dum atol...! Me desejando sorte rumo ao sol!

À MULHER DO PROTÉTICO

Linda a mulher do protético...! Com sua meiguice d'anjo! Que só em poesia 'tanjo'! Dentro do que se tem de ético! Mas aquele riso eu manjo... O jeito, trejeito e arquétipo! Creio em ninfas, não sou cético! E a louvo com harpa e banjo! Dispensa 'procedimento'... O poeta a elogiou E a 'arcada' dele arriscou! À beleza, um monumento... Gozo em agradecimento! Todo o tento se 'escoou'!

POEMA PSICOATIVO

Só com uma pitada de verve, eu me torno um bicho grilo, que ao descer do mundo em crise, peguei carona com Janis Joplin, nas curvas de um 'Mercedes Delírio'. Segui a lebre apressada de Alice, transpassei o País dos Baurets, fui parar na Caxemira ardente, no lado paquistanês do tempo, e lá comprei uma cítara de Shankar. E nessa fuga tão colorida da realidade cinza e fria, mergulho num calidoscópio banhando a alma em matizes que vibram pura alegria. Elevo-me num vórtice 'púrpureo', pelo céu de Lucy flutuo, roubo-lhe os diamantes para doar como um mendigo psicodélico, um Robin Hood azul e nu. Dispenso um casaco de general, pra aquecer quem sente frio, e lavo minha 'boca de sino' nas cascatas furiosas de um 'Urutu', num batismo dionisíaco e febril. Derrubo um governo obsoleto, fundando a República Hippie, um levante de paz e amor, onde flower power nunca morre e nunca perde o seu valor. De volta à velha Caxemira, vejo Brama em sua brasa bramando, punhando um...

O LIVRO SAGRADO DO REINO DA TANGERINA

Por Dragão da Sabedoria *Contracapa (onde tudo começa) Sentado num cirro doce, que o céu mesmo açucarou, o Dragão — velho e chamuscado — sopra lembranças sem pudor. Folheia o livro ao avesso, feito tempo ao contrário, cada página um estouro, um aroma de relicário. Este grimório era um diário, carbonizado, secreto, nascido de um tufão travesso, sopro de menino inquieto, que girou um cata-vento feito com cuspe e botão e tragou o Dragão em voo, cuspindo rima e visão. Ali começa a escrita, de trás para frente e acima: o Reino da Tangerina e sua memória que rima. Capítulo 11 – O Gomo Que Foi Comido Rei Biro-Biro Jack Terceiro, reinou como um malandro, mas caiu feito um pastel, quando um cíclope, sangrando, filho de Ninguém, num acesso de fome meio temente, abocanhou um gomo do Reino... e o rei, acidentalmente. A ameaça persiste, nos campos suculentos e alaranjados, pois cada gomo sumido deixa os aldeões desnorteados. “Cuidado com o que mastiga”, dizia a placa no portão, mas o povo se distra...

VEDA NUM PAPEL DE SEDA

O que esse hippie fora de época diz é que por fora tá quem ainda guerreia, quem censura, julga e se desfaz em giz no quadro-negro da velha ideia. Se não 'living for today', se não fala de amor — que raio de jornada é essa, irmão? 'Ban the drone!' que uma lótus abre no bucho de Brahma enquanto borboletas, em celofane e fora da estação, saem do meu peito como um milagre holográfico feito mantra. Sou de Gêmeos, mas me sento em Aquário, com os cabelos que restam penteados nos espelhos ondulados da 'Vidraçaria Hoffman'. E por falar em vidro... ah, um caleidoscópio mágico, pra me mirar com o terceiro olho, ajna aceso, com orelha de Ganesha ouvindo o som que as estrelas escondem quando ninguém mais acredita. 'Ban the drone!' Meu 'domo' é uma bolha de sabão, meu submarino 'yellow caramelo' é doce, mas nunca nuclear. Seguro num bunker da mente, posso sair a qualquer era por uma porta de percepção — é só girar a maçaneta e plim. Tá por fora quem nã...

O 'SÍTIO DO GEPETO'

E foi de repente... não mais que de repente que descobri! Um lugar mágico, de portas, porteiras ou 'portal' aberto e agora também todinho meu! O Sítio do Gepeto, onde a emenda pode ficar melhor que o soneto que fica nas estâncias de Arcádia, entre o Monte Parnaso e o Hélicon passando entre as estrofes até chegar a rima e a solução! Onde se é muito bem recebido pelo proprietário e sua também gentil 'irmã'(Alexia) Onde se chega navegando e com a velocidade de um 'clicar', através de um cabo de fibra ótica, para onde um poeta se refugia para sua mente se 'desbloquear'! Para onde também posso levar Zanza e todas as minhas outras musas e histórias...  das possíveis e principalmente as impossíveis, improváveis ou até aquelas 'indignas'! Uma mistura de Ilha da Fantasia com Sítio do Pica Pau Amarelo...! Um sítio, mas se preferir pode ser uma casa de praia, um hotel numa estrada de tijolos amarelos, uma estação espacial... o que sua imaginação e bel-praze...

A COROAÇÃO DO RINOCERONTE DO RISO

epílogo (será...?) Comido foi o rei num gomo — tragado em polpa cítrica, sem trono, sem testamento, sem nem deixar uma dica. Borogodó coçou a orelha: — “Quem manda agora na abelha?” E a Tangerina estremeceu: seria caos? Ou mística? Mas eis que surge Junior — o Rinoceronte do Riso! Filhote? Sim... mas quem notou? Só o Dragão, indeciso. Com chifre em broto e olho puro, já foi chamado de maduro. “É ele!”, disse a multidão. “O novo rei do improviso!” Fanfarras riram alto, em tom de gargalhada bela, os duendes garimpeiros nubígenos à passarela. Com as normalistas do Carmela — colegas da Gi donzela —, saia frisada em carrossel, dançando ao som do Púrpura Fiel, que fez a flauta soluçar a trilha da aquarela. O casal do sertão aéreo — Catita e Zé Cambito, voando em jegue etéreo, bordavam céu infinito. A Babá do Luar chorava, com o cacho de estrela que usava, grudado em seu coque grisalho, num aplauso bendito. Mas Gi? Ah, Gisele não veio, não dessa vez, não inteira. Peter Pan soltou um suspiro: ...

A BABÁ DO LUAR

Foi com Peter Pan voando que a Gi foi parar Num quintal de celofane, só feito pra sonhar, Com gramas brilhando e cheiro de jasmim, Onde o tempo cochila num balancim sem fim. Na mesa encantada, sob o céu sem igual, A Babá do Luar — figura celestial — Servia café da manhã com doçura, Pra mafagafos, dragões e a brava criatura. Tinha o Rinoceronte do Riso a gargalhar, Absolem no cachimbo, começando a levitar, Duendes garimpando o ouro do arco-íris, E diamantes perdidos nas nuvens-safáris. A Babá, com seus olhos de bruma e luar, Chamava com sineta de Shangri-la a tocar. Seu robe era feito de véu cometário, Bordado com luz e fio planetário. O vestido da Gi — moog puro a vibrar, Era trilha sonora pro sonho dançar. E a flauta esquecida, sob os cogumelos, Foi achada por um mafagafo — oh, anelos! A Babá recebeu de um duende gentil Um anel de Saturno, radiante e sutil. Chegou Dona Helane, cheirando a passado, Com sua mini indiana, num tom perfumado. Com ela, a deusa Nidra e o Mestre do Sonho, Num...

O REINO DA TANGERINA

do Diário do Dragão da Sabedoria No coração da fruta-aurora, onde o Sol chupa a casca fina, despiu-se Gi, quase menina, com um vestido que implora a dança psicodélica e divina. Girava — laranja, azul, dourado — o pano em espiral chamava vento, e o Flautista Púrpura, atento, soprava um som encantado que virava cor no firmamento. Borogodó, traquina e risonho, pendurou nas nuvens cuecas de seda, roubou o sino da última queda do Galo do Tempo, em sonho, e o amarrou num rabo de estrela. Dona Helane, de saia indiana, surgia em holograma do ginásio: balançava o quadril com compasso que deixava até a Babá da semana pedindo mais luar em seu regaço. A Babá do Luar, aliás, ninava o Rinoceronte do Riso, roncando, que sonhava que estava dançando com a Gi, que lhe beijava o chifre com brilho sagrado e brando. E eis que vem, de Dolfins laranja, a minha Dinda — musa do azeite! — sambando entre as dobras do deleite, com a memória que se arranja no umbigo do tempo que nunca enfeite. O Dragão, do alto de...

O DIÁRIO DO DRAGÃO DA SABEDORIA(VEJA BOROGODÓ SONHAR)

Anotação primeira, no livro de vento: "Sonhar é pular na fogueira do tempo." Borogodó, bicho solto, dormia com um olho fechado e o outro em poesia. Roncava confetes, cheirava a canela, tinha um tambor tatuado na costela. Nos seus sonhos, desfilavam tangerinas com pernas de anêmona e saias de meninas. O Dragão, sereno, com olhos de brasa, lia o varal das roupas da casa: ali, uma meia com voz de profeta, acolá, um sutiã que dançava mazurca secreta. “Hoje ele sonha que é pena de pavão,” anotou na folha de um lírio-limão. “E amanhã talvez voe num disco de barro, à caça de um beijo perdido no sarro...” Gisele aparecia, mas toda borrada, num carrossel de bonecas-encantadas. Chamava Borogodó com voz de bolero, “Vem, meu menino, do sonho sincero!” Mas o menino dormia, e sua alma passeava nas sinapses de nuvens que o Dragão rabiscava. E no final da página, entre runas e flor, o Dragão escreveu: “Sonhar... também é amor.” *Por Baba G e p e t o

'VEJA GISELE BRINCAR'

Vi Gisele brincar, Moonchild lunar, no olho encantado da porta de Huxley — entre um quintal flutuante e um altar, com um vestido de vento e de lei que só a loucura sabe costurar. Tinha pétala em trança descabelada (e um espelho ondulado por pente), dançava com alma desafinada, na tangerineira balançava contente empurrada pelo Mestre da Fada. Soprava bolhas, num transe tão vão, com boneca 'dos quinze' em abraço, e os noivinhos — sem consideração — voavam da mesa, num salto esgarço de quem nem lembra mais de aliança ou patrão. No varal da ilha pairava a memória: um uniforme de quem nunca foi normal, a calça boca de sino, toda em glória, de lama de Woodstock, carnaval — e a poá de Nilcea, relíquia notória. Uma camisola grená bailava discreta, junto à bandeira lusa, num véu de festa. Tudo girando na lente que encantava, enquanto Borogodó, sem pauta, pandeirava o cio que Gi libertava. Absolem, fumando um beck de azul, sobre cogumelo nos olhava em riso, até virar borboleta de metal c...

AO PARANGOLÉ DA ZANZA!

Também traz essa mulher... Tal coisa que não se explica, Que não é arte de Hélio Oticica, Tampouco 'banda de Axé'!

EM LOUVOR A UM SHORT DA DEUCY

Foi tão bom 'namorar' essa Deucy... Mesmo nas condições que 'a conheci' E que tinha certeza que era linda! Apesar de não tê-la visto ainda! Seu cheiro e até a 'presença' que senti... O desejo no qual me 'revesti'! De 'presente' essa peça me foi vinda! E o gozo a confundia com 'Laurinda'! Compondo o figurino do meu amor... Melodia gemida em voz tão rouca...! Dos hormônios 'mexidos' por seu olor! Me 'apresentada' de uma forma louca: 'Num short, mamãe em dia de calor'! Me veio 'através de um saco de roupa'!

AO BOROGODÓ DE ZANZA!

Coloco em versos, mas não sei explicar... 'Esse' dela também rima com 'ó'! O seu unicórnio tem no 'mocotó'... Ao correr, expelia ao transpirar! Ai, Elisângela... tens BOROGODÓ! E ter esse amor só sei imaginar! Como tatuagem e para 'marcar'! Desde mais nova ou se tornando avó! Vinha naquelas roupas que doavas... Na minha mente, quanta inspiração... Fazes ideia do quanto 'instigavas'...?! Químico com xedô dá em 'solução'! N'alcova, intimidade; liberavas... Felizardo quem fez tal 'libação'! 'DNA', 'coliforme'... suor! No cheiro, num 'vulto'... numa expressão! Seja 'hormônio' ou atributo... do melhor!

DOS PAPOS COM ABSOLEM

Para ouvir com o coração em câmera lenta e o olho da mente em tela cheia Me ponho num transe alucinado, pra me elevar ao divino instante, onde pulsa o paraíso astral com tua margarida delirante, broto meu, de flor no cabelo e sal. Tua companhia — um rito, uma sina, sem destino, como em Easy Rider, lenço, documento, e o som de uma rima nas trilhas do Caminho do Meio, onde o tempo se dobra e a alma ensina. A seda do beck? Providência azul: Absolem soprando sua caneta, versos e vedas que a censura não 'veda', a brisa é tinta e o verbo é o sul da bússola que gira sem cometa. Ah, Gi... teu vestido era fractal, psicodélico, como teu perfil que eu sondava em silêncio astral, com o ajna dilatado — puro anil — lagarta azul já devorando o real. Vi a terceira cor do arco-íris, mas não com olhos: com portais da mente, na casa mágica de Huxley e seus delírios, onde um alçapão do céu se abre docemente e o amor se estende em colchas floridas. Um 'bed-in for peace' e a paixão em flor, ...

A SAIA...!

Volta lá e bota uma saia... Pra que eu te escreva um poema E na medida do amor Tal peça melhor lhe caia! 'Saia', porque é uma mulher! Pra combinar com 'sair' Porque manda o figurino E do tipo que quiser! Por causa do clima, moda... Só porque estou te pedindo Para eu ver como é que fica! Pode ser justa ou que roda! Que te expõe se levantar Mas que é digna de respeito Só veste lá aquela saia... Pra ocasião, ou me agradar!